WhatsApp

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Entre a esquerda e a direita, Zenaide pode decidir rumos da eleição 2026

Senadora e presidente do PSD se torna a figura política central do pleito. Sua posição pode definir a formação das chapas

Por Carol Ribeiro | Diário do RN

Presidente do PSD no Rio Grande do Norte, vice-líder do Governo Lula no Senado, a atuação da senadora Zenaide Maia é focada em pautas progressistas e nos direitos da mulher. A parlamentar não tem perfil das lideranças que se envolvem no centro de polêmicas políticas, mas caminha para ser o fiel da balança nas eleições gerais de 2026 no Rio Grande do Norte.

Discretamente, ao longo das conversas preliminares, Zenaide construiu influência capaz de definir os rumos que o grupo da direita, da esquerda e alguns de seus principais personagens podem tomar para a disputa eleitoral do ano que vem.

Com uma parceria política inexplicavelmente sólida com o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (UB), e com poucas chances de rompimento – ambos demonstram disposição de manter o acordo político para 26 – Zenaide tem o poder de influenciar para onde vai o prefeito: se à direita, se à esquerda — ou se com ela numa terceira via.

Allyson tem capital eleitoral. Foi reeleito com quase 80% dos votos na eleição de 2024. Isso representa 113 mil votos, sendo quase 70 mil de maioria sobre o segundo colocado – o ex-presidente da Câmara de Mossoró, Lawrence Amorim (PSDB). Nas pesquisas que vêm se realizando com foco na eleição geral, Allyson apresenta larga vantagem. No entanto, ainda não conseguiu construir capital político. Não tem um grupo e ainda não consolidou uma liderança.

Para um gestor que ainda não construiu capital político sólido fora de sua cidade, a força da senadora pode significar a porta de entrada, tanto administrativa, no governo Lula, quanto para alianças que ele, sozinho, talvez não consiga firmar a tempo e diante da oposição que venha a ter caso seja candidato.

Alinhada com o governo federal, Zenaide Maia preside o PSD com 22 prefeituras no Estado. Para Fátima Bezerra (PT), que tem o projeto de se eleger ao Senado – um dos importantes objetivos do PT nacional – a composição com Zenaide é fundamental. O PT não tem um nome mais forte para a composição com a atual governadora, além de que agregar o PSD na aliança é parte do projeto ao Executivo estadual – junto com o MDB e PSDB, que devem somar cerca de 100 prefeituras. O PT quer Zenaide, e já deixou claro. A importância de Zenaide à esquerda é um fator fundamental para que ela consiga quebrar a resistência do sistema governista para o apoio à possível candidatura de Allyson Bezerra.

O capital político de Zenaide – que Allyson não tem – é, por outro lado, o que pode impedi-lo de se integrar à direita, apesar da identificação ideológica do prefeito com o grupo de Rogério Marinho (PL), José Agripino (UB) e Paulinho Freire (UB). Mesmo já afirmando que compõe a direita, Allyson sente resistência de lideranças do grupo em apoiá-lo, como Styvenson Valentim (PSDB), com quem tem desavenças políticas, além de dificuldade em ser liderado do senador Marinho.

Ademais, Rogério já deixou claro em entrevistas que não aceita a senadora alinhada com as pautas do Governo Lula no palanque da direita. E são estes fatores que podem levar Allyson a não ir para este lado e manter aliança com Zenaide.

A outra opção seria a terceira via, um caminho alternativo para Allyson e Zenaide, com a possibilidade de unirem alguns nomes e partidos em uma aliança em torno das candidaturas majoritárias dos dois.

Neste cenário, eles enfrentariam de um lado, os cerca de 100 prefeitos aliados da esquerda e de Fátima e, de outro, cerca de 100 prefeitos que seguem a orientação de Rogério e Styvenson. O Rio Grande do Norte possui 167 prefeituras, mas os gestores podem votar em um candidato de um lado ao Governo e de outro ao Senado, a depender de acordos e parcerias firmadas ao longo dos mandatos.

Tanto é que há probabilidade que em 2026 se repita o comportamento de 2022, quando os gestores municipais decidiram votos ao Governo e ao Senado em separado, o chamado “Farinho” – Fátima ao Governo e Marinho ao Senado, o que atesta o poder que os prefeitos têm para definir o rumo de eleições gerais: apoiaram Fátima ao Governo, deixando o candidato dela ao Senado, Carlos Eduardo, de fora; e apoiaram Rogério ao Senado, deixando o candidato dele ao Governo, Fábio Dantas, de fora.

Os gestores municipais exercem uma função estratégica e, em muitos casos, decisiva nas eleições para governador e senador, especialmente em estados como o Rio Grande do Norte, onde o voto regionalizado tem grande peso. A prova é que os candidatos que não tinham apoio maciço de prefeitos perderam a eleição. Foi o caso de Fábio Dantas e Styvenson Valentim, candidatos ao Governo do Estado, que perderam para Fátima Bezerra no primeiro turno. O mesmo com os candidatos ao Senado, Carlos Eduardo e Rafael Motta, que foram derrotados por Rogério Marinho, que tinha apoio de grande parte dos prefeitos.

Portanto, o caminho que Zenaide seguir, que aliança firmar, poderão determinar a definição das chapas que vão disputar o pleito de 2026 no Rio Grande do Norte.

Postar um comentário

WhatsApp mobile

Receba diariamente nossas postagens pelo WhatsApp! Clique no link e salve o número na sua agenda para receber: