quinta-feira, 2 de outubro de 2025

CPMI requer relatório financeiro de entidade presidida por Abraão Lincoln

Segundo a Comissão, potiguar Abraão Lincoln é um dos principais operadores do sistema de fraudes e roubalheira no INSS

Abraão Lincoln é considerado um dos principais operadores da fraude / Requerimento que vai detalhar movimentação financeira foi aprovado | Foto: Reprodução

Por Carol Ribeiro | Diário do RN

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS acredita que Abraão Lincoln, através da Confederação A Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA) a qual preside, é a “peça-chave”, “um dos principais operadores” dos desvios no INSS e “uma das engrenagens centrais de um esquema predatório que drenou recursos de aposentados e pensionistas”. A referência está na justificativa de novo requerimento emitido pela Comissão, solicitando o Relatório de Inteligência Financeira (RIF) de Abraão, entre janeiro de 2019 e julho de 2025.

O requerimento foi aprovado pela CPMI e enviado ao Conselho de Controle de Atividades Financeira (Coaf). O ofício de requerimento número 207/2025 foi enviado no último dia 23 de setembro ao Conselho.

O requerimento, assinado pelo senador Izalci Lucas (PL – DF) afirma que o relatório financeiro é um passo investigativo “inadiável e fundamental” para a CPMI. O impacto estimado das atividades irregulares da Confederação da Pesca, por Abraão presidida, é de R$ 221.884.427,63 somente entre fevereiro de 2023 e março de 2025.

“A entidade figura como investigada por atos lesivos gravíssimos, especificamente o ‘Pagamento de vantagem indevida a agente público’, conforme apurado na Operação Sem Desconto”, justifica o senador no requerimento.

Izalci Lucas se refere, no requerimento, à ação conjunta da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) de combate a um esquema de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões de beneficiários do INSS no Brasil.

“Ignorar o fluxo financeiro do indivíduo que comanda uma organização sob suspeita de tamanha magnitude seria uma omissão intolerável, que comprometeria a capacidade desta CPMI de rastrear a rota do dinheiro e identificar os beneficiários finais da fraude”, complementa em outro trecho do texto o senador Izalci.

Em convocação para depoimento à CPMI – ainda sem data marcada – foi ressaltada a disparidade entre a movimentação financeira da CBPA e sua real estrutura administrativa: 

“Relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), peça basilar da investigação, é demolidor ao descrever a sede da CBPA como uma ‘pequena sala comercial’, com apenas ‘uma secretária para atendimento’, e concluir que a Confederação ‘não possui infraestrutura para localização, captação, cadastramento e muito menos fornecimento de serviços’ compatíveis com seu universo de 360.632 associados, espalhados por mais de 3.600 municípios”.

Ex-líder do Republicanos no Rio Grande do Norte e candidato a deputado federal em 2018, Abraão Lincoln é apontado ao lado do tesoureiro da CBPA, Gabriel Negreiros, como articulador de um esquema de falsificação de filiações em massa para obter ganhos ilegais com descontos em benefícios previdenciários. Gabriel, que já disputou eleição para vereador em Natal em 2020, aparece no inquérito da Polícia Federal como o braço financeiro da operação.

“Careca do INSS”

Durante depoimento do lobista Antonio Antunes, o Careca do INSS, o senador potiguar Styvenson Valentim, questionou sobre sua relação com Abraão Lincoln. O Careca do INSS confirmou os contratos firmados pelas empresas dele com a Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA).

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