quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Rita de Cássia deixa legado ao forró eletrônico do Nordeste e acende um alerta

Obra de Rita de Cássia pontua a necessidade de reconhecimento e visibilidade às mulheres compositoras

(Foto: Instagram)
Por Abner Moabe*

Uma vez durante um show minha amiga e sanfoneira Carol Benigno pontuou a necessidade de se dá o devido reconhecimento e visibilidade as mulheres compositoras dentro do forró. Aquilo ficou martelando na minha cabeça e desde então passei a prestar uma atenção especial em mulheres compositoras não apenas no forró mas na música brasileira em geral, que sempre delegou a elas apenas o papel de intérprete mas nunca de criadoras.

Refletindo sobre isso, um nome que me chamava sempre a atenção era o de Rita de Cássia pois sua história praticamente se confunde com a história do forró eletrônico quando o empresário Emanoel Gurgel procurava novas músicas para sua banda Mastruz com Leite e viu em Rita de Cássia uma verdadeira usina de hits. Emanoel queria Rita também como cantora, mas ela, menina tímida do interior, achou o Mastruz grande demais e preferiu seguir com o irmão Redondo na banda Som do Norte.

Mesmo não integrando o Mastruz com Leite, ela foi responsável direta pelo sucesso e consolidação do forró eletrônico com clássicos conhecidos e cantados até hoje como Meu Vaqueiro Meu Peão, Raízes do Nordeste, Barreiras, Anjo da Guarda, Tatuagem, Teu Silêncio, Dá Notícias, Parabéns meu Amor e a épica Saga de um Vaqueiro, além do clássico Brilho da Lua marcado na voz de Eliane.

Já de um tempo eu venho apontando a necessidade de que houvesse tributos celebrando a obra e um maior reconhecimento do quão grande compositora Rita de Cássia é e foi, coincidentemente semana passada foi mais uma dessas inúmeras vezes que comentei com amigos sobre a necessidade desse reconhecimento.

Rita de Cássia sai de cena deixando um enorme legado, uma mulher que soube falar sobre os temas tradicionais do Nordeste de um jeito moderno, ajudando a escrever um dos capítulos mais importantes da nossa música popular brasileira.

Que sua obra seja sempre celebrada!

*Abner Moabe é jornalista e produtor cultural com atuação em Natal e no RN.

Postar um comentário