quinta-feira, 22 de maio de 2025

Vereadora denuncia omissão da CMN após sofrer ataques transfóbicos

Thabatta Pimenta registra Boletim de Ocorrência sobre crimes cometidos na Casa Legislativa de Natal

Por Carol Ribeiro | Diário do RN

Um dia após sofrer ataques transfóbicos durante a sessão ordinária da Câmara Municipal de Natal, a vereadora Thabatta Pimenta (PSOL) voltou a se pronunciar e denunciou, em entrevista ao Diário do RN, a omissão do Legislativo natalense diante do crime.

Thabatta foi alvo de falas de ódio proferidas por bolsonaristas nas galerias após votar contra a concessão do título de cidadão natalense ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ela publicou Boletim de Ocorrência sobre o fato.

Visivelmente abalada, a parlamentar criticou duramente a postura dos servidores da Casa. “Eu ainda estou triste, estarrecida e principalmente indignada”, disse. “Falei lá hoje e disse na cara de todos. A primeira coisa é: a segurança da Casa prevaricou [quando funcionário público deixa de cumprir dever legal] ao presenciar as cenas de crime, porque foi tudo crime, discriminação, e ficaram de braços cruzados. Tinha o dever de agir, de acionar as forças de segurança com urgência”, observa.

Thabatta questiona a ausência de controle sobre quem entra nas dependências da Câmara. “Agora também vai haver investigação para saber se essas pessoas entraram por ali ou foram colocadas por vereadores, porque a delegada pediu oficialmente à Câmara. Hoje a gente constatou que não tinha o nome das pessoas e o CPF na portaria, no credenciamento. Então qualquer pessoa entra ali e pode cometer crimes piores”, alerta Pimenta.

A vereadora alertou que a omissão diante dos crimes abre precedentes perigosos. “A Casa não falou, não se pronunciou. O presidente da Câmara não se pronunciou. Isso não é só uma questão comigo, é com outras pessoas. Se tem um vereador com deficiência e alguém começa a fazer falas capacitistas? Se for um tema sobre religiões e atacarem a vereadora Camila por ser evangélica, a vereadora Brisa por ser de matriz africana? Se atacarem os vereadores negros daquela Casa? E aí? Nada vai ser feito?”, questiona.

Para Thabatta, o ataque também tem relação com o incômodo que seu mandato tem gerado. “Há um lugar da direita querendo tentar me frear. São cinco meses mostrando uma política que eles não esperavam. Nunca uma vereadora de oposição teve quatro projetos aprovados em tão pouco tempo, com diálogo, com reconhecimento dos pares — tanto da oposição quanto da situação”, avalia sobre sua atuação.

Nesta terça-feira (20), logo após o voto contra a concessão do título de cidadão natalenses a Bolsonaro, bolsonaristas presentes nas galerias reagiram com gritos ofensivos. Entre os ataques registrados, estavam frases como “pelo menos eu sou mulher”, “chora mulher Paraguai”, “tem os dois sexos: macho e fêmea”, e “é a biologia, quem não acredita em Deus, tem a biologia”.

Outros insultos e deboche ao que ela relatou sentir com a perda da mãe durante a pandemia também aconteceram: “ah, coitadinha”, “tô morrendo de peninha de você” e “aceita que dói menos” também foram dirigidos à parlamentar.

Apesar da resistência de Thabatta, a concessão foi aprovada pela maioria da Casa.

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