quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Carlos Eduardo abre leque de opções e não descarta diálogo com Rogério

Ex-prefeito de Natal diz estar aberto a conversas amplas e reforça que alianças para 2026 dependerão das definições nacionais

Carlos Eduardo afirma que diálogo com diferentes campos políticos não significa abandono de suas convicções | Foto: José Aldenir

Por Carol Ribeiro | Diário do RN

O ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PSD), afirmou que não descarta dialogar com o pré-candidato ao governo do Rio Grande do Norte, Rogério Marinho (PL). O presidente do PL no RN é adversário ideológico do PSD de Zenaide Maia, partido ao qual Carlos é filiado e que compõe a base do Governo Lula. A declaração do ex-prefeito de Natal foi feita durante entrevista ao programa Repórter 98, da rádio 98 FM Natal, nesta segunda-feira (27), e marca um tom de abertura política em meio à polarização que tem dividido o cenário potiguar.

“O próximo ano é o ano que a gente vai sentar na mesa e vamos construir as alianças. Agora, nesse tempo, não se impede de conversar, de dialogar, de ver alternativas e tudo mais, porque ninguém vai chegar também. O Rogério Marinho não morde, né? Até para saber se há convergências e divergências. Eu acho que há muito mais divergências, mas se quiser dialogar, eu estou aberto”, afirmou Carlos Eduardo.

Segundo ele, o diálogo com diferentes campos políticos não significa abandono de suas convicções de centro-esquerda, mas demonstra equilíbrio e disposição para buscar consensos.

“Se quiser dialogar, eu estou aberto. Eu não sou o dono da verdade, eu não sou dessa polarização improdutiva, que bota de lado, escanteia os problemas brasileiros e fica nas agressões verbais e físicas até”, completou.

Sendo cogitado pelo PT como nome ao Senado – conforme citou em entrevista a presidente estadual da sigla, Samanda Alves – Carlos Eduardo avaliou que a atual polarização nacional empurrou o Partido dos Trabalhadores (PT) para uma posição de “extrema esquerda”. Ele afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito com uma frente ampla de centro-esquerda, mas teria, segundo ele, “dado uma guinada à esquerda” após a vitória, atitude que interpreta como “equívoco político”.

“Agora deu uma guinada para a esquerda, especialmente com a escolha de Guilherme Boulos para o ministério. Essa sinalização é claramente para a extrema esquerda”, afirmou o ex-prefeito.

As críticas ao PT ocorrem paralelamente ao alinhamento que afirma estar mantendo com o PSD.

Carlos Eduardo reafirmou sua permanência no partido liderado no estado pela senadora Zenaide Maia, que articula candidatura a governador do parceiro político Allyson Bezerra (UB). O ex-prefeito disse que já colocou seu nome à disposição da legenda para as eleições de 2026.

“O fato de eu estar nas pesquisas até para o Senado é importante para o partido, porque o ano que vem, na hora do vamos ver, o PSD pode apresentar nomes com representatividade política e eleitoral”, observou, citando a pesquisa DataVero, que o aponta entre os nomes mais competitivos para o Senado e o governo estadual.

O ex-prefeito também comentou a aproximação entre Zenaide Maia e Allyson Bezerra, que têm participado juntos de eventos públicos. Para Carlos Eduardo, a parceria ainda é de caráter administrativo, mas pode evoluir para o campo político.

“Eles têm uma parceria administrativa, e isso pode, naturalmente, convergir para uma parceria política. Se marchar para isso, não será surpresa”, disse.

Além das movimentações internas no PSD, Carlos Eduardo revelou que tem mantido conversas preliminares com outras lideranças políticas, entre elas o presidente estadual do MDB, Walter Alves, que compõe a base governista, e o presidente do União Brasil, José Agripino Maia. Segundo ele, os diálogos têm caráter exploratório, sem decisões concretas até o momento.

Com José Agripino, Carlos Eduardo contou que o ex-senador demonstrou entusiasmo com a eventual candidatura do prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil), ao governo do Estado, projeto que se alinha com o PSD.

“Falamos sobre os cenários. O senador Agripino está muito entusiasmado com a candidatura de Allyson, porque está vendo o resultado da administração dele em Mossoró se refletir na intenção de voto para governador”, afirmou.

Já sobre o encontro com Walter Alves, que deverá assumir o governo do estado em 2026, quando a governadora Fátima Bezerra (PT) deve se desincompatibilizar para disputar o Senado, o ex-prefeito disse ter tratado sobre metas partidárias.

“Walter foi muito claro ao dizer que o objetivo dele é fazer uma grande bancada estadual e eleger de um a dois federais. Não tratamos de candidatura majoritária”, relatou.

Carlos Eduardo destacou ainda que as definições partidárias nacionais, especialmente as posições de MDB, PSD e outros partidos de centro, terão papel decisivo na formação das alianças estaduais em 2026. “Essas alianças na eleição presidencial terão reflexos muito fortes nos estados”, disse.

Postar um comentário