terça-feira, 16 de agosto de 2016

Vice não define campanha, mas pode ajudar ou atrapalhar

Se no pós eleição a figura de vice é quase que tradicionalmente apagada da administração, durante a campanha eleitoral é utilizada como um dos trunfos dos candidatos cabeças de chapa para arrematar mais votos na matemática eleitoral. A escolha do vice pode dizer muito sobre cada candidatura. No caso de Mossoró, além do eleitor, manda também um recado aos adversários, e aos próprios aliados.

O candidato a vice ao lado do prefeito Francisco José Junior (PSD) é Micael Melo, do PTN, um dos 14 pequenos partidos que o acompanham na base de apoio. É desconhecido do mossoroense em geral, mas no segmento evangélico é ungido pelo conhecido pastor Miranda, da Assembleia de Deus. Em seu primeiro discurso, Micael apontou que o segmento soma 40 mil evangélicos em Mossoró. É uma parte da estratégia de Francisco José Junior, de buscar e garantir, em nichos específicos, a soma necessária de votos a driblar sua desaprovação popular apontada nas últimas pesquisas.

A candidata a vice que compõe chapa com Gutemberg Dias (PCdoB), Rayane Andrade (PT), é mulher, negra, da área do direito e militante popular. E assim foi apresentada aos eleitores. Com a indicação, o aliado PT sinaliza que quebrou a resistência à renovação dos seus quadros. Além disso, reforça o discurso dos dois partidos esquerdistas, que estariam dando espaço a uma candidata símbólica das minorias.

A candidata a vice de Josué Moreira (PSDC), por outro lado, é de um partido com ideologia completamente oposta. Karliane Nonato, do PSOL, foi indicada pelo pai, Raimundo Nonato, o Cinquentinha, como uma alternativa ao seu nome. Sua indicação reafirma a ala do partido que resistiu à orientação da executiva nacional: a ala da família de Cinquentinha.

Levantando os mais variados questionamentos da população, a vice escolhida por Rosalba Ciarlini representa o que o grupo já vinha mostrando: a ex-governadora quer ser eleita sozinha. Não quis dar aos novos aliados, os velhos conhecidos sandristas e PMDBistas, os louros de uma provável vitória, nem a confiança suficiente para garantir a eles, na eventual administração, um lugar de destaque no alto escalão. Nayara Gadelha  (PP) é jovem, fora do circuito político de Mossoró e indicada pelo irmão de Carlos Augusto, Betinho Rosado.

Já o vice que compõe chapa com Tião Couto, o também empresário Jorge do Rosário (PR), esteve com ele desde o início do projeto, no ano passado. E assim como Tião, não possui capital eleitoral para elevar a posição da chapa. Pelo contrário, a composição empresário-empresário torna a composição elitizada e distante do eleitor.