sábado, 14 de janeiro de 2023

Classe artística vê com apreensão nome do novo secretário de Cultura de Mossoró

Igor ainda não se apresentou em público e não falou à classe; não concedeu qualquer entrevista à imprensa mossoroense

Igor Ferradaes tem passagem pela rede globo, mas não tem circulação pelo meio artístico mossoroense (Foto: redes sociais)

O novo secretário Municipal de Cultura de Mossoró, Igor Ferradaes, carrega em seu currículo o título de "produtor audiovisual, artístico, cultural e empresário, formado em Produção de Rádio e TV pela UNESA/RJ, com 15 anos de experiência no mercado artístico e cultural nacional".

O site da Prefeitura exibe parte do histórico profissional do produtor, mas com todas as atuações fora de Mossoró. Na cidade em que foi nomeado secretário, é um mero desconhecido da classe artística e cultural.

Por isso, o segmento tem visto com apreensão o nome de Igor desde o seu anúcio, há cerca de duas semanas. Igor ainda não se apresentou em público e não falou à classe; não concedeu qualquer entrevista à imprensa mossoroense.

Com a grandiosidade que é de costume, o prefeito Allyson Bezerra (SDD) apresentou o nome de Igor, relacionando-o aos seus projetos de ampliação de eventos no corredor cultural. E é justamente isto que preocupa a classe artística do município que sequer conseguiu concluir a atualização do seu Plano Municipal de Cultura nos últimos anos.

O presidente do Conselho Municipal de Cultura, Américo Oliveira, observa que a valorização da cultura mossoroense não pode se resumir a um evento de massa.

"Sem fazer julgamento de mérito, mas precisamos ver se o futuro secretário tem alguma experiência com gestão pública governamental, não apenas gestão de projetos voltados ao setor de audiovisual. 

A nossa cultura é diversa e com fazedoras e fazedores que mostram todo dia que a nossa cultura popular é uma das mais ricas desse Estado. Não somos só Mossoró Cidade Junina, somos uma cultura que precisa ser elevada e potencializada com recursos e apoio dos órgãos públicos com políticas públicas culturais firmes e permanentes."

Já atriz, produtora audiovisual e jornalista Luiza Gurgel lembra que o autotítulo de Capital da Cultura está longe de ser na prática, principalmente "pelos olhares públicos, ferramenta primordial no segmento da arte na administração".

"Antes de qualquer desejo de “boa gestão”, é preciso que quaisquer secretários, secretarias, vereadores, vereadoras ou figura política, entendam que a cultura é importante tão quanto a saúde, a educação, o esporte, a segurança, etc., e que no caso de Mossoró, não se resume a um Mossoró Cidade Junina. Muito pelo contrário. O MCJ não representa a cultura dessa cidade; é apenas um evento de grande porte, que nasce dela. Artistas mossoroenses são conhecidos em todo o Brasil, me arrisco até a dizer no mundo. E, na própria cidade, eles, nós, não recebemos a valorização devida."

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