quinta-feira, 3 de julho de 2025

Paulinho assume missão de manter frente unificada da direita no RN

Prefeito de Natal terá a tarefa de mediar interesses, conter vaidades e preservar unidade do grupo oposicionista até 2026

Conversa que Paulinho deverá ter com cada personagem do grupo da oposição deverá apontar para união | Foto: Reprodução

Por Carol Ribeiro | Diário do RN

“Paulinho é uma das pessoas mais indicadas. O prefeito Paulinho vai estar conversando com cada um deles”. A fala do prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (UB), em entrevista à 96 FM na segunda-feira (30), reforça o papel que já vinha sendo atribuído a Paulinho Freire nos bastidores da política potiguar: o de conciliador da direita.

À frente da Prefeitura de Natal pelo União Brasil e com trânsito livre entre as principais lideranças do campo oposicionista, Paulinho surge como peça-chave para a manutenção de uma frente unificada contra o grupo governista liderado pela governadora Fátima Bezerra (PT).

A tarefa, no entanto, não é das mais simples. A direita potiguar tem hoje não apenas múltiplas lideranças com densidade política, mas também pelo menos três nomes colocados – oficialmente ou não – como pré-candidatos ao Governo do Estado: Rogério Marinho (PL), Álvaro Dias (Republicanos) e o próprio Allyson Bezerra.

Neste cenário, caberá a Paulinho costurar consensos e aparar arestas num grupo onde as ambições pessoais e os interesses partidários correm em paralelo à intenção de formar um palanque competitivo em 2026.

Paulinho carrega consigo o trunfo da sua atuação enquanto presidente da Câmara de Natal e da articulação bem-sucedida nas eleições municipais de 2024, quando conseguiu reunir, em torno do seu nome à Prefeitura de Natal, nomes como José Agripino Maia, presidente do União Brasil no RN, Rogério Marinho, Álvaro Dias e o senador Styvenson Valentim (PSDB), além dos 24 vereadores da Câmara da capital.

Antes disso, em 2021, conseguiu o feito da aprovação do novo Plano Diretor de Natal, um projeto que se arrastava há anos e muitas gestões sem que se alcançasse um consenso na Casa Legislativa Municipal.

Paulinho consolidou sua imagem como agregador e interlocutor confiável, atributo reconhecido até por veteranos da política potiguar. Em 2022, ao ser homenageado pela Câmara Municipal, Agripino o definiu como “interlocutor com quem é agradável negociar”, destacando sua habilidade rara no meio político. Durante sua pré-candidatura à Prefeitura em 2024, foi apontado por aliados como aquele que “mais agrega partidos políticos e corrente de aliados”.

Agora, a situação é igualmente desafiadora: manter unido um grupo que, apesar da convergência ideológica, se divide na estratégia de escolha do candidato ao Governo. De um lado, Rogério Marinho e Álvaro Dias defendem um critério mais político, baseado em articulação regional e alianças. Do outro, a ala liderada por José Agripino aposta na objetividade das pesquisas de opinião, que atualmente favorecem Allyson Bezerra.

Essa disputa interna tende a refletir diretamente na formação da chapa majoritária na escolha para o Senado. Nesse ponto, Styvenson Valentim entra como um fator decisivo. Com desempenho consolidado nas pesquisas e acordos prévios com Rogério Marinho, o senador é considerado carta quase obrigatória na composição, o que pode definir os encaixes entre partidos da coalizão.

A missão de Paulinho Freire será, portanto, encontrar o ponto de equilíbrio entre performance eleitoral, peso político, acordos já firmados e a expectativa de renovação no campo da direita. Ele precisará colocar na prática o que todos defendem na teoria: construir um ambiente onde os interesses individuais não sobreponham o objetivo coletivo de derrotar o grupo da situação.

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