quinta-feira, 3 de julho de 2025

Zenaide encurralada entre o governo Fátima e a direita de Allyson Bezerra

Além de Allyson, Cadu Xavier também condicionou a presença da senadora em chapa com Fátima à rompimento com outro lado

Enquanto a senadora Zenaide Maia mantem-se em silêncio sobre 2026, cultiva relações no Governo e na oposição, mas discursos de Cadu Xavier e Allyson cobram definição | Foto: Reprodução

Por Carol Ribeiro | Diário do RN

A senadora Zenaide Maia (PSD) se vê em meio a uma encruzilhada política que deverá definir seu futuro em 2026. Vice-líder do Governo Lula no Senado, Zenaide mantém aliança com o campo progressista no plano nacional, é da base do PT no Estado, mas cultiva relação política com o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (UB).

O projeto, inicialmente, é manter a parceria com o gestor e provável candidato ao Governo até 2026. No entanto, o prazo toma ares de indefinição com as articulações eleitorais. Pelo menos até Zenaide se definir sobre para qual caminho deverá seguir na disputa do ano que vem: a direita ou a esquerda.

Opositores políticos, o pré-candidato ao Governo e aliado direto da governadora Fátima Bezerra (PT), Cadu Xavier (PT), e o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra, têm uma opinião em comum: ambos condicionam a decisão de Zenaide à permanência dela em seus respectivos grupos.

Cadu deixou claro que não haverá espaço para uma “candidatura solo” ao Senado. Em resposta direta à possibilidade de Zenaide tentar manter pontes com os dois lados, Xavier foi categórico:

“O candidato ao Senado que estará ao lado da governadora, seja quem for, necessariamente terá que estar no mesmo palanque que nós, defendendo a minha candidatura no momento da eleição, defendendo o legado do Governo da professora Fátima. E, respondendo bem objetivamente: esse candidato ou candidata ao Senado estará no nosso palanque, defendendo o Governo da professora Fátima e a minha eleição como governador do Estado no ano que vem”, frisou o pré-candidato em entrevista à 98 FM, nesta quarta-feira (02).

A pressão indica que a formação da chapa ao Senado com a governadora Fátima Bezerra deverá implicar, necessariamente, no rompimento de Zenaide com Allyson Bezerra, que já se colocou publicamente como parte da direita potiguar, formada por lideranças como Rogério Marinho (PL), Styvenson Valentim (PSDB), Álvaro Dias (Republicanos) e Paulinho Freire (UB).

Deste outro lado, conforme publicado pelo Diário do RN nesta quarta-feira, o prefeito de Mossoró já deixou claro que a manutenção do vínculo com a senadora depende da escolha que Zenaide fará em 2026: ou permanece ao lado do sistema governista liderado por Fátima Bezerra (PT), ou migra para o projeto oposicionista.

“Zenaide está enviando muitos recursos para Mossoró e tem sido muito bem aceita pela cidade. Então, há esse trabalho conjunto, essa ligação política. A não ser que amanhã a senadora diga: ‘não, Allyson, vou estar em outro local, eu vou estar disputando com outro grupo, eu vou estar me colocando como candidata ligada ao Governo do Estado’”, afirmou o prefeito em entrevista à 96 FM nesta segunda-feira (30).

Ele classificou a relação com Zenaide como “institucional” e deixou subentendido que sua continuidade depende de um alinhamento eleitoral. A vice-líder do governo Lula já enfrenta dificuldades no alinhamento ideológico com a ala da direita.

O recado é direto: se Zenaide optar por seguir com o projeto da governadora Fátima Bezerra, perde espaço na construção de uma aliança com a direita potiguar. O principal obstáculo vem de Rogério Marinho (PL), líder do bolsonarismo no RN, que já afirmou publicamente que não aceita a presença de Zenaide em seu palanque. A vinculação da senadora ao governo Lula, segundo Marinho, é um impeditivo incontornável para a aliança.

O Diário do RN tentou contato com a senadora Zenaide, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

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