quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Raimundo admite que Zenaide rompeu e já articula outro nome para o Senado

Secretário fala sobre distanciamento de senadora, não descarta Carlos Eduardo Alves ao Senado e defende candidatura de Cadu ao governo

Raimundo: "O recado que está sendo dado é de que Zenaide não tem aliança conosco e a opção é pela candidatura de Allyson, projeto diferente do nosso” | Foto: Reprodução

Por Carol Ribeiro | Diário do RN

O chefe do Gabinete Civil do Governo do Rio Grande do Norte e membro da cúpula do PT, Raimundo Alves, abordou de forma inédita a relação política do sistema governista do RN com a senadora Zenaide Maia (PSD). Segundo ele, os sinais dados pela senadora já indicam a ausência de aliança com o projeto governista, mesmo sem um rompimento formal. O assunto foi conversado em entrevista com o Diário do RN.

“Na verdade, não houve um rompimento, mas desde as eleições do ano passado o PSD deixou de compor o governo oficialmente. Quando o Jaime [Calado] se afastou para ser candidato, ficou acertado que seria conversado depois das eleições. Em janeiro deste ano a gente teve uma conversa com o PSD, e eles optaram por não fazer indicações em secretarias. Acho que ali já foi uma sinalização”, contou ele sobre afastamento de Jaime da secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico para se candidatar à prefeito de São Gonçalo do Amarante em oposição ao PT.

Raimundo explica que não houve um comunicado formal, mas além do afastamento desde 2024, “o recado que está sendo dado é de que Zenaide não tem aliança conosco e a opção é pela candidatura de Allyson, que é um projeto diferente do nosso”, afirmou.

Alves foi enfático ao afirmar que o nome do secretário Cadu Xavier é definitivo como candidato do PT ao Governo em 2026. O nome de Carlos Eduardo Alves, que entra no jogo eleitoral depois de ser bem colocado em pesquisas eleitorais realizadas na grande Natal, é descartado como possibilidade ao Governo do RN pelo sistema governista.

Fátima Bezerra e Carlos Eduardo ao Senado

Raimundo disse que Carlos Eduardo Alves busca uma candidatura proporcional, mas não descartou sua participação em uma composição ao Senado, ao lado da governadora Fátima Bezerra. Ele cita, inclusive, partidos aliados que podem abrigar o ex-prefeito de natal, já que Zenaide Maia, presidente do PSD ao qual Carlos está filiado, segue em apoio ao projeto com Allyson Bezerra (UB).

“Sem ser para o governo, pode ser composição ao Senado sim, com qualquer nome que possa vir a aparecer. A segunda vaga do Senado ainda está em aberto. Nossa perspectiva é que seja preenchida por alguns partidos aliados: o MDB, com quem Carlos está conversando; não sei se ele está conversando com outros partidos também, mas tem o PDT, tem o PSB, tem o PCdoB, tem o PV. São todos partidos que podem reivindicar a indicação desse segundo nome para o Senado”, afirmou.

Após divulgação de pesquisa do Instituto DataVero, em que apresentou boa colocação ao Governo do RN e ao Senado na Grande Natal, Carlos Eduardo busca diálogo com PSD, mas também já conversou com MDB de Walter Alves, e busca apresentar pesquisa a outras siglas.

Segundo o chefe do Gabinete Civil do Governo, pesquisas que não vinculam Cadu ao presidente Lula e à governadora Fátima Bezerra não refletem a realidade eleitoral. Ele aborda o tema ao ser questionado sobre a estagnação de Cadu Xavier nas pesquisas eleitorais.

“Cadu é o candidato de Lula. Isso é o que está posto e qualquer pesquisa que não se faça desse jeito, eu não vou dizer aqui que é manipulação, evidentemente, mas, no mínimo, não querer apurar a realidade”, destacou.

O dirigente ainda projetou o segundo turno:

“Eu tenho certeza que Cadu estará no segundo turno. Acho que a polarização irá acontecer. Quem apostar contra a polarização vai estar equivocado. Vai ser a candidatura da direita representando o bolsonarismo e a candidatura da esquerda representando o lulismo. Isso vai acontecer, quem apostar ao contrário vai perder”, prevê.

Mobilizações contra a PEC da Blindagem e a Anistia

Raimundo Alves também analisou os protestos do último domingo contra a PEC da Blindagem e a Anistia, realizados nas 27 capitais e em outras cidades do país. Para ele, a manifestação representou um divisor de águas no cenário político nacional e antecipou o clima de polarização esperado apenas para 2026.

“O domingo foi a virada de páginas. Acho que os resultados da política que a gente está vendo de ontem para cá, inclusive, determinam que o que aconteceu domingo é uma virada de página. Acho que a polarização começou e começou forte. Essa PEC que eles aprovaram na Câmara [da Blindagem] acho que morre rápido no Senado e levou a polarização para a sociedade. Era uma coisa que a gente previa que aconteceria em 2026. Na verdade, a polarização terminou sendo antecipada”, avaliou.

Sobre a mobilização em Natal, ele admitiu que a força do ato superou a expectativa até mesmo da organização do evento:

“Superou e superou bastante. A avaliação era colocar de 7 a 10 mil pessoas e superou, foi mais que o dobro disso. Acho que foi em torno de 20 mil pessoas, pelo que a gente vê nas imagens de drones. A gente esperava, no máximo, 10 mil, e dobrou isso”.

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