quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Dinastia Rosado: de superpotência política à inexpressividade eleitoral em menos de 10 anos

O que fez esse robusto aparato oligárquico perder praticamente todas as posições políticas e se tornar uma força superada em tão pouco tempo?

De acordo com decisão do TRE, a saída de Beto no meio do
mandato na Câmara Federal é iminente
(Foto: web)

Em Mossoró, um sobrenome marca a cidade através de nomes de ruas, bairros, hospitais, escolas, teatros e vários monumentos entre diversos equipamentos públicos: Rosado. A história dos Rosado se confunde com a história de Mossoró.

Verificar que hoje, entre os mandatários, somente uma vereadora carrega o sobrenome Rosado pode levar à falsa impressão que o domínio político da família faz parte de um passado distante. Mas, basta voltar menos de uma década no tempo para assistir ao auge da força política dessa oligarquia que, subdividida em dois grupos, dispunha dos mandatos de governadora do RN - Rosalba Ciarlini Rosado -, deputados estaduais - Dr. Leonardo e Larissa Rosado -, deputados federais - Betinho e Sandra Rosado -, prefeita de Mossoró - Fafá Rosado -, e vereadores - Lahyre Rosado Neto e Vingt-Un Rosado Neto. Além de vários cargos nos primeiros e segundos escalões dos secretariados.

O que fez esse robusto aparato oligárquico perder praticamente todas as posições políticas e se tornar uma força superada em tão pouco tempo? Obviamente, erros táticos e estratégicos foi o que provocou essa queda. Mas, assim como se repete na História, as raízes desses erros talvez estejam entre os pecados capitais mais comuns nas derrocadas políticas: soberba e vaidade.

A oligarquia conservou durante quase três décadas uma subdivisão conveniente, que dava à família o domínio, ao mesmo tempo, do governo e da oposição - que convencionou-se chamar de rosalbismo e sandrismo. E de tão inchado na aparelhagem estatal, já se formava uma terceira subdivisão do grupo - Fafá Rosado. Mas aí vieram as eleições municipais de 2012.

A eleição mais judicializada da história de Mossoró marcou também o início do fim para a oligarquia. Depois de tentar, sem sucesso, emplacar a cunhada - Ruth Ciarlini - como sucessora de Fafá Rosado, Carlos Augusto Rosado acabou dando apoio a Cláudia Regina e transformou a disputa numa extensão de picuinhas familiares contra sua prima Sandra Rosado, que, por sua vez, trabalhou para eleger a filha Larissa Rosado.

Com as máquinas da prefeitura e do governo do estado nas mãos, o grupo de Carlos Augusto entrou numa luta fraticida para derrotar o grupo sandrista, e abusou dos poderes político, econômico e midiático a tal ponto que, antes de completar um ano de mandato, a prefeita Cláudia Regina já tinha sofrido mais de uma dezena de cassações de mandato pela Justiça Eleitoral.

Nessa disputa, os dois grupos torraram tantos recursos financeiros e políticos que, um ano e meio depois, nas eleições suplementares de 2014, assistiram, em maio, à vitória folgada de Francisco José Júnior e amargaram, nas eleições gerais de outubro, as perdas dos mandatos de deputados estaduais e um federal, além do fim do mandato de Rosalba como governadora.

Com os cargos minguando, o grupo se uniu novamente depois de 30 anos e se reorganizou em novos partidos para enfrentar as eleições municipais de 2016. O desastre administrativo de Francisco José Júnior deu ao grupo rosalbista a chance de voltar à prefeitura de Mossoró para um quarto mandato. Sandra Rosado, detentora de larga experiência como deputada federal, se acomodou num acanhado mandato de vereadora.

E, após quatro anos de uma gestão reprovada pela maioria dos mossoroenses, a candidata à reeleição Rosalba Ciarlini foi derrotada pela primeira vez na disputa à Prefeitura de Mossoró. Para demostrar o nível da derrota, o vencedor foi um político com pouquíssima experiência e que nem tinha nascido ainda quando Rosalba foi eleita pela primeira vez em 1988.

Na semana passada, mais uma derrota. A Justiça Eleitoral determinou que Beto Rosado, deputado federal, se torne primeiro suplente de sua coligação, deixando a vaga para Fernando Mineiro.

Se é o fim da dinastia Rosado na política de Mossoró, ainda é cedo pra saber. Mas o fato é que, contando somente com o mandato de vereadora de Larissa Rosado, o grupo nunca esteve tão enfraquecido como agora.

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