segunda-feira, 10 de maio de 2021

Foi destaque na imprensa nacional: deputado potiguar troca "tratamento precoce" por like no youtube

Deputado Albert Dickson infla número de seguidores no youtube em troca de consulta e receita para medicamentos sem eficácia contra a Covid-19

Deputado estadual é marido da deputada federal Carla Dickson, ex-vereadora de natal, que ocupou lugar de Fábio Faria como suplente no parlamento federal (imagem: repodução/BBC) 

O destaque foi dado pela BBC Brasil, mas nesta segunda-feira (10), o assunto já ganhou postagens no Ig, Yahoo Notícias, G1, Metropólis, Diário do Centro do Mundo e outros sites de alcance nacional. Com o título "Deputado oftalmologista oferece 'tratamento precoce' em troca de 'like' no YouTube", os sites mostram o que o RN já vinha acompanhando.

O deputado estadual Albert Dickson (PROS) concede consulta e receita para o "tratamento precoce" contra a Covid-19, desde que o paciente siga o passo a passo que inclui salvar seu número de wts, se inscrever no canal do youtube do médico, printar a foto da inscrição e enviar a comprovação ao médico.

A reportagem traz o depoimento de uma paciente de 53 anos que atesta que recebeu a receita após a inscrição no canal.

Em um dos vídeos em seu canal, Dickson diz que "atende 500 pessoas por dia, de domingo a domingo, de 7h da manhã até 3h da manhã, todos os dias"

Procurado por e-mail pela BBC News Brasil, o deputado respondeu que não é obrigatório se inscrever no canal para ser atendido.

Dickson disse ser também "acima de tudo médico, e o tratado internacional e o Conselho Federal de Medicina na resolução 04/20 nos dá o direito médico de medicar contra o covid e nele prevalece a autonomia médica". Ele ainda afirma haver "várias pesquisas já preconizadas e publicadas".

Apesar de haver comprovação da ineficácia da hidroxicloroquina e não haver comprovação da eficácia de outros medicamentos para a covid-19, como a ivermectina, o Conselho Federal de Medicina não condenou veementemente a prática de recomendar ou prescrever esses medicamentos. 

Uma resolução de 2011 do conselho sobre propaganda na Medicina estabelece que o médico deve "evitar sua autopromoção e sensacionalismo, preservando, sempre, o decoro da profissão".

Por outro lado, para Sergio Rego, médico, pesquisador da Fiocruz e professor de bioética na Escola Nacional de Saúde Pública da instituição, "não há respaldo ético normativo para a prescrição de algo que não tenha reconhecimento científico, salvo quando está inserido dentro de um processo de pesquisa aprovado por um comitê de ética".

"O médico tem autonomia, mas isso não o exime da responsabilidade pelas consequências de seus atos", diz Rego. "Não é uma carta branca." 

Para ler a reportagem completa, clique aqui.

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