Por Larissa Maciel*
Correr na rua Coelho Neto e se deparar com assobios e com um homem abrindo as roupas para provocar, intimidar, ameaçar sua integridade mental e física.
Correr na BR e não poder usar um top esportivo sem ouvir de um ciclista uma piada, um apelido pejorativo.
Correr e postar uma foto do percurso nas redes sociais e ler como resposta: acho uma delícia você correndo. Vamos marcar um encontro depois?
Esses são relatos reais durante a pandemia de corredoras na cidade que enfrentam muito mais do que as dores que um percurso pode causar. Enfrentam a dor do medo, do escuro, da solidão que traz uma sensação de de insegurança diante do machismo. Essa reportagem é feita apenas de relatos e com nomes das vítimas preservados. Uma forma de denunciar o que nunca foi admissível.
“Eu já sofri assédio durante a corrida em vias movimentadas mesmo, como Coelho Neto, Rio Branco, presidente Dutra dentre outros locais que achamos ser mais “seguro” por conta da movimentação.”
“Eu sempre tenho corrido sozinha nessa quarentena pelo cuidado e também ter a liberdade de fazer a corrida no meu horário disponível. Eu sou uma pessoa que sempre andei muito a pé. Na corrida acontece de passar veículos e buzinar ou falarem palavras desagradáveis sim.”
(Foto: reprodução) |
"Digo por conhecimento de causa, que ser corredora de rua, além de driblar os problemas fisiológicos como cólicas menstruais, é ter que se preocupar em não sair tão cedo (ainda escuro) de casa, é evitar ruas muito desertas, é não ir com roupa que mostre muito o corpo, é desviar o percurso quando percebe algo suspeito, é fingir que não tá vendo aquelas olhadas maldosas, é fingir que não escuta as piadinhas que soltam quando a gente passa, é correr com medo simplesmente por ser mulher!"
"Já corri na rua ao lado da Praça do Rotary e quando estava um pouco mais sozinha, um carro me seguiu. Precisei fingir que conhecia um morador da rua. Sinto cada vez menos vontade de correr só e não devia ser assim".
"Já cheguei que o assédio é ensinado. Já passei por um caso de um pré-adolescente me chamar de gostosa ao me ver correr". Se é de um adulto já preocupa, imagina numa situação dessas".
*Larissa Maciel é formada em Jornalismo pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), é mossoroense, repórter e apresentadora da TCM Telecom e 95 FM, crescida entre fãs de esporte, jornalista por vocação e analista de esporte por amor à esta área da profissão em específico.
Essa falta de respeito por quem quer que seja só aumentou com a chegada da familicia e sua trupe ao poder. Abriram a caixa de pandora e liberaram todos esses demônios que atendem pela alcunha de "conservadores", ou seja, os reis da hipocrisia.
ResponderExcluirA duras custas essa parte sombria da população estava sob controle, pois sabiam que não encontravam eco nas ações governamentais.
Agora a situação mudou e essa raça goza de total apoio nas figuras que fazem parte do governo federal e nas diversas esferas de poder, com raríssimas exceções.
Um dia essa pobre parcela da população brasileira que ajudou a eleger esses vermes irão se arrepender amargamente por terem imposto esse retrocesso de séculos no país.
todas as mulheres, atletas e não atletas, recebam meu respeito e solidariedade em suas causas.
Que no futuro possamos ter uma população mais educada e respeitadora.
Abraços!