domingo, 2 de agosto de 2020

Mulheres que lutam e constroem uma cidade e um mundo de igualdade!

Por Plúvia Oliveira*

Nossa cor, nossos traços, nossos cabelos e nossas tranças para alguns são problema. Mas para nós, a cor traz o brilho da luta, a resistência dos quilombos, das vilas, das ruas esburacadas da periferia, mas também das universidades, da ciência, da política e de tantos outros espaços que sempre nos foram negados. E seguem sendo. Nada nos foi dado. E não aceitaremos ser somente algumas no meio de tantas. Queremos alcançar os espaços de discussões e de definições políticas. Queremos redigir as leis, seja nas nossas comunidades, universidades ou parlamento porque almejamos e, assim, construímos a igualdade.

Ao passo que avançamos temos a certeza de que é na coletividade que nossa liberdade quebra correntes. Nossa diversidade é muito mais do que a variação de cores. São as nossas lutas plurais, coletivas e irreverentes que nos fazem seguir em frente.

(Imagem: Força Meninas)

Muitas de nós sentimos a marca do ódio, o desprezo dos que reafirmam, mesmo pelo olhar, que nosso lugar deva ser somente aquele de obediência, serviçal, da exploração e escravidão. Mas as dores e as mágoas que nós carregamos não são só nossas. É preciso que vocês, companheiras, que não sentem a mão do racismo possam insurgir contra a desigualdade da cor e da classe para construir em todos os movimentos a luta antirracista. Precisamos caminhar para a nossa liberdade coletiva.

Ah, a liberdade... Liberdade que tanto sonhamos, mas não está apenas no campo dos sonhos, pois lutamos. Lutamos diariamente enfrentando as batalhas do conservadorismo, do desemprego, do salário mal remunerado, do trabalho precarizado, da casa de dois cômodos, do emprego que nem conquistamos, da Universidade que não ocupamos.

Sei. Como sei e me alegra saber das muitas de nós que conseguimos chegar e ocupar o espaço que não foi feito e nem pensado para nós, mas logo em breve seremos muitas e os racistas não nos exterminarão.

Resistiremos a todo ódio e a toda tirania. Com a nossa garra ocuparemos, através de várias Maria, Marielle, Benedita, Conceição, Ângela, o que também nos pertence. Seremos uma de nós em nós, e nós por cada uma contra um sistema que lucra em cima da nossa cor e da nossa força. O mesmo sistema que sucumbirá à nossa coletividade contra a corrente, solidária e consciente. São as mulheres que lutam e constroem a resistência popular que farão dessa cidade e do mundo um lugar com igualdade para poder ser bom de se viver.

*Plúvia Oliveira é graduanda de Gestão Ambiental, na UERN, na qual já presidiu o Diretório Central dos Estudantes (DCE). Mulher, negra e periférica é militante do coletivo de negros e negras Enegrecer, da Marcha Mundial das Mulheres e do Partido dos Trabalhadores.

Um comentário: